sexta-feira, 25 de abril de 2008

Laura de Farias Brito - "Eterna Primeira Dama de São João do Cariri" - * 04.06.1895 + 24.11.1998

Laura de Farias Brito, (também chamada de “Lalú” pelos familiares, “Tia Lá” pelos sobrinhos, “Mãe Laura e Mãinha Laca” pelos netos, e para os conhecidos e amigos era chamada de D. Laura), nascida em 04.06.1895 em Caraúbas distrito de São João do Cariri, era a filha mais velha de Serviliano de Farias Castro e Ana de Farias Castro. Ficou naquele lugar até a adolescência, pois, com a morte prematura do seu pai motivada por um tiro que lhe tirou a saúde e logo depois a vida, foi morar em São João do Cariri, com sua mãe e seus irmãos, para ter um pouco mais de estudo, tão precário naquela época.
Ali, depois de pouco tempo, conheceu Inácio Francisco de Brito; homem simples, pacato, bom, paciente e HONESTO. Sua profissão primeira foi "vaqueiro de um primo rico", depois se tornando “mascate” (comércio ambulante) progredindo com muito trabalho e esforço conseguindo chegar a comerciante fixo – com uma mercearia, “bodega”, tornando-se por fim Prefeito de São João do Cariri. No primeiro mandato foi nomeado pelo então Governador da Paraíba, o Dr. João Pessoa, que no momento que assinou o ato de nomeação pronunciou a seguinte frase: “Este homem é bom... Assinei a sua nomeação e não tremi a mão”. E realmente isto era uma verdade!.. “Pai Inácio” assim carinhosamente chamado, era HOMEM HONESTO e de grande coração. Depois de dois anos de nomeado prefeito, assumiu novamente este cargo, nesse segundo mandato, sendo levado pelas mãos do povo de sua terra, que lhe conhecia amava e admirava!... (1935).
Mais ou menos em 15 de setembro de 1910, casou-se “Mãe laca” ( assim a chamava Paulo Roberto Pinho, que com muito prazer está postando suas memórias ) com o “Pai Inácio”, em Caraúbas, e segundo falava a D. Laura Farias com muito orgulho..."A festa durou 08 dias, com muito forró dançado à luz do sol e de lamparina e ao som de uma sanfona, zabumba e triângulo.”
Logo após esses oito dias de festa o jovem casal retornou para São João do Cariri, onde fixaram residência por quase 50 anos.
Desta união tiveram 06 filhos: Francisco Brito ( falecido ainda criança ), Maria das Mercês ( falecida ainda criança ),Serviliano, Hercílio, José, Josefa Marisa (nome escolhido pelo Sr. Inácio, pelo simples fato de ter nascida laçada. Deveria ser chamado José se fosse homem ). “Pai Inácio” dizia... “Vai se chamar Josefa porque senão ela não será feliz”. “Mãe Laca” que não aceitou de bom grado disse...”Quem pariu fui eu, portanto acrescentarei o nome de Marisa que é mais moderno e bonito”. Diz hoje a sua filha Marisa... “Acertou em cheio minha mãe. Apesar de não gostar do meu primeiro nome, agradeço de qualquer forma ao meu pai este cuidado que ele tinha em me fazer feliz. Era coisa que ele acreditava”.
D. Laura era uma "figura..." Herdou o temperamento de D. Ana sua Mãe e a coragem do seu pai que era "Coronel de Caraúbas" assumindo e advogando em favor dos pobres da sua cidade. Nem Lampião conseguiu fazer estragos na sua gente!... Defendeu o seu povo até a morte.
D. Laura era extremosa, autêntica e "braba", características que se faz presente na personalidade forte de seus descendentes, colocando-se em relevo apenas o amor que ela tinha por todos. Ela era forte mesmo... A garra de manter a família unida não permitia que ninguém se intrometesse na vida do seu esposo e tampouco de ninguém de sua família. Um dia “zangou-se” com um primo nosso que era o atual interventor da Paraíba, porque ele censurou “Pai Inácio” seu esposo por ele ter acompanhado o enterro de uma prima (família Gaudêncio) inimigos políticos. Escondido de “Pai Inácio” que não queria saber de brigas, mandou uma carta desaforada para Gratuliano ( primo interventor ). Lembramos apenas de uma frase que bem explica o conteúdo... “Você manda no seu Palácio e na minha pobre choupana mando Eu!...”. Nunca recebeu resposta da carta. ( o primo bem sabia com quem estava tratando!...)
Outro exemplo de dedicação aos filhos, foi que este dito interventor ofereceu-lhe um emprego nos Correios com um bom salário e ela rejeitou e disse não querer deixar de cuidar dos seus filhos, para trabalhar fora. Mandou que passasse este emprego para Marli ( nora de “Pai Inácio”, cujo esposo havia sido morto em um confronto em comício, por um dos Gaudêncios). Disse “Mãe Laca”: “Ela precisa mais do que eu”.
Era D. Laura que pensava por todos e brigava pelos direitos de cada um de sua família!.... As professoras do grupo que se cuidassem, porque se algum de seus filhos fizessem algo errado elas é que “pagavam o pato”. Quando chegava uma Diretora novata, as professoras diziam: “Não mexa com os filhos do prefeito, eles devem ser considerados os melhores”. E assim foi!!! E não era para ser?...
Era ela que escolhia tudo e quem decidia tudo para os filhos... Os vestidos da festa de setembro eram comprados em Campina Grande e ela escolhia a cor, o modelo, a costureira etc.... Todos ficavam de “bico calado”, porém essa atitude nunca aborreceu a filha, porque sempre confiou no seu bom gosto ( não adiantava também ficar aborrecida!...). No final das contas tudo ficava perfeito.
D. Laura era bastante ciumenta... “Pai Inácio” comerciante e depois prefeito, todos tinham que se aproximar dele e ela não gostava!... Um dia uma amiga da família chegou na “bodega” e disse: “Houve um boato que Inácio Brito havia morrido e as meninas choraram bastante...”. D. Laura não se fez de rogada e disse: “ Choraram de enxeridas – porque elas não são nada dele. Só nós da família é que devemos chorar!...”. O “Pai Inácio” quase morreu de vergonha e na sua paciência dizia: “Laura... Isso não se faz”. Outra vez ela encontrou uma professora pagando sua conta, na mesa onde Inácio Brito ficava. Voltou pra casa e mandou Rita empregada da família com um bilhete para essa professora: “Faça-me um favor de não ir fazer compras na bodega”.
Inteligência não lhe faltava apesar de não ter cursado sequer o curso primário. Escrevia bem e se dava bem em todos os assuntos. Recebia em sua casa políticos de alto escalão e não fazia vergonha a ninguém. Todos eram bem recebidos por uma verdadeira primeira-dama do município!...
Gostava muito de ler – fazia até poesia com a inocência cultural que dispunha. Gostava muito do Papa João Paulo II e para ele fez um verso:

“O Papa não é Polonêz...
Nem tão pouco Italiano...
Nasceu na Paraíba
Na Serra da Borborema
Ele é Paraibano."
Em seu quarto, bem junto a sua cama, na residência de sua filha Marisa onde passou seus últimos dias de vida, existia um quadro feito a carvão de autoria de Paulo Roberto Oliveira Pinho, casado com sua neta Lígia Brito de Melo, retratando o Papa João Paulo II. O autor havia lhe presenteado por saber de sua também admiração pelo Santo Papa.
Fez outras poesias, inclusive uma com Tancredo Neves que era o seu ídolo político.
Sua religião era Católica, sendo devota fervorosa de Nossa Senhora dos Milagres – padroeira de São João do Cariri-PB.
Declaração de seu rebento mulher e hoje único filho vivo, Josefa Marisa:

“Minha mãe era amiga, irmã e mãe. Nunca vou esquecê-la. Todos os dias recordo o seu jeito de ser...Nunca fez nada que manchasse a sua dignidade e que pudesse-mos deixar de respeitá-la pelo seu gesto. Se eu pudesse definir o que era minha mãe – eu diria extremosa e santa.”

D. Laura partiu desta vida em 24/11/1998, deixando-nos a todos com saudade imensa, mas, confortados pela nossa fé, estamos certos que ela tendo cumprido sua missão de, esposa devotada, companheira, amiga, mãe, avó e bisavó, está com Deus e junto de seus entes queridos que também partiram!... Nosso adeus e nossa gratidão, de filha, netos, bisnetos e eterno admirador Paulo Roberto Pinho ( esposo de Lígia Brito, neta de "Mãe Laca )

OBS.: As datas nas fotos são do dia da digitalização.




















Pai Inácio
E
Mãe Laca



















Quadro que ficava no quarto de D. Laura






























Mãe Laca faz visita a neta Lígia Brito, por ocasião do natal, ficando toda embevecida com seu bisneto o Paulo Roberto JR












Festa de aniversário de cem anos de D. Laura. Da esquerda para a direita.: JR ( bisneto), Nice ( antiga vizinha), Simone Brito ( neta ), D. Terezinha ( sogra de Simone ), D. Iracema (esposa de Hercílio ) e Hercílio ( filho )












D. Laura e seus três filhos da esquerda para a direita, José ( falecido ), Marisa e Hercílio ( falecido )













Mãe Laca e seu bisneto JR. Era a grande alegria dela!...












Bodas de Ouro de seu filho Hercílio ( falecido ) realizado no Centro Mariápolis-Igarassu-PE.



















Mãe Laca e seu bisneto "JR" filho de Paulo Roberto Lígia Brito ( neta )
































Mae Laca tinha lucidez admirável e só atrapalhava a sua comunicação, problemas que teve com a audição e por não aceitar o aparelho auditivo.































Da esquerda para a direita: Belchior, quando ele era sério ( usava bigode... Notaram o bigode?...), e o bisneto JR.












3 comentários:

Anônimo disse...

Quantas saudades Mãe Laca!... Saudades daqueles "papos" que tínhamos a respeito do tempo em que as mulheres não eram "tão metidas" como hoje!... Mãe Laca era uma defensora radical dos homens!... Tinha gênio forte e não engolia desaforo de ninguém!... Eu tive o privilégio de tomar muitos cafezinhos com biscoitos feitos por ela, quando ainda morava só!... Todos diziam e eu acreditava da simpatia que ela sentia por mim!... Eu fazia parte da seleta lista de pessoas que ela simpatizava de coração!... Obrigado Mãe Laca!... Ore por mim onde a senhora estiver!.... Paulo Roberto Pinho - casado com Lígia Brito, neta de Mãe Laca.

Anônimo disse...

Mãinha Laca...
Mulher de personalidade forte, decidida, braba, e ao mesmo tempo amorosa, carinhosa, sempre preocupada com a família. Minha pequena, minha menina, minha linda, minha princesa. Era assim que eu a chamava quando queria fazer um dengo nela.(só nós duas). e ela sempre me respondia: deixa de tua besteira, quem já viu velha bonita. Tenho a minha consciência tranquila de ter agradecido com carinho, palavras e dedicação, todo AMOR que ela me deu. (desde criança).Saudades e o meu eterno amor, para a minha MÃINHA LACA. SOSSÓ.

Anônimo disse...

A TECNOLOGIA ´É MESMO UMA COISA FABULOSA QUE TRÁS AO PRESENTE GRANDES REALIDADES VIVIDA NO PASSADO MESMOS QUE ELAS NOS TRAGAM RECORDAÇÕES QUE JAMAIS PODEMOS VIVÊ-LA NO ENTANTO SINTO ALEGRIA DE DEPOIS DE TANTOS ANOS PODER DIZER A SENHORA MAMÃE COMO SINTO FALTA SUA E COMO VIVEMOS JUNTAS TANTOS ANOS DE AMOR, CONVIVÊNCIA TRABALHO ENFIM TUDO DE BOM QUE PODE ACONTECER EM UMA FAMILIA,AGORA SÓ RESTA DIZER-LHE OBRIGADA POR TUDO.VC SABE QUE FOI O SEGUNDO AMOR DA MINHA VIDA PORQUE O PRIMEIRO FOI E CONTINUA SENDO DEUS E DEPOIS NÃO PODERIA SER NINGUÉM A NÃO SER VC.AGORA ACRESCENTO ESTE AMOR TÃO GRANDE PARA OS MEUS FILHOS E OS DOIS NETOS QUE A GENEROSIDADE DE DEUS ME CONCEDEU.
TAMBÉM VC PAULO,BELCHIOR E DILMA SÃO PESSOAS QUE TRAGO SEMPRE DENTRO DO MEU CORAÇÃO E AGRADEÇO A DEUS PORQUE VCS EXISTEM E FAZEM PARTE DA NOSSA FAMILIA. Marisa